PEDIDOS DE OPINIÕES

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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

MARIA DA CONCEIÇÃO

MENTIRA (Dr. Guilherme Pereira / A. Machado)



MENTIRA

Podes dizer não te quero
Que eu não creio em teu dizer
Se me falasses sincero
Era melhor não te querer

Tu finges só por maldade
É fingida essa indifrença
Pois não há quem me convença
Que me dizes na verdade

Perder-te não posso viver sem ti
Ao ver-te logo por ti me perdi

Quando amor por mim não sintas
Por amor perdoa asena
É melhor amor que mintas
Que eu morra de amor e pena

A verdade que me fira
Se me mata essa verdade
Eu prefiro uma mentira
Que mintas por piedade

Perder-te não posso viver sem ti
Ao ver-te logo por ti me perdi

Nas cantigas que aí vão
Verás riso e verás calma
Dentro de meu coração
Pedaços da minha alma

Sangue do meu coração
Pedaços da minha alma

MARIA ALICE

VIDA TRISTE (Júlio de Sousa / J. F. Brito)



VIDA TRISTE

Vida triste de quem ama
E o coração não resiste
Ao grande amor que o inflama
Sinto o peito querer abrir-se
E o coração contrafeito
Como a tentar evadir-se

Sofrer, penar, levar ao calvário a cruz
Até que se apague a luz
Da derradeira ilusão
Se tudo acaba às mãos do tempo que corre
Porque será que não morre
Esta maldita paixão

Se é pecado olvidar
Eu pequei por ter amado
Alguém que não sabe amar
E um afago nem terei
Que possa servir de pago
A tanto amor que lhe dei

LILIANA SILVA

SAUDADE VAI-TE EMBORA (Júlio de Sousa)
& CHUVA (Jorge Fernando)



SAUDADE VAI-TE EMBORA

Olho a terra, olho o céu
E tudo me fala de ti
Do teu amor que perdi
Quando a minh'alma se perdeu

Sim, a única verdade
Presente no nosso amor
Tem como imagem a cor
Tão bela e triste da saudade


Saudade, vai-te embora
Do meu peito tão cansado
Leva para bem longe este meu fado
Ficou escrita no vento esta paixão
E à noite o vento é meu irmão
Anda a esquecer a tempestade
Também
Quero olvidar esta saudade
Ai de mim, que não consigo
Volta amor, porque é verdade

Vai-se a dor, volta a alegria
Vai-se o amor, fica a amizade
Só não parte do meu peito
Esta profunda saudade

Porque será que não vens
Espreguiçar-te nos meus braços
Porque será que me tens
Na poeira dos teus passos


CHUVA

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
Da história da gente
E outras de quem nem o nome
Lembramos ouvir

São emoções que dão vida
Á saudade que trago
Aquelas que tive contigo
E acabei por perder

Há dias que marcam a alma
E a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste
Não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Em meu choro de moça perdida
Gritava à cidade
Que o fogo do amor sob chuva
Há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
Meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

LUISA ROCHA

SEM TI (Lopes Victor / Francisco Carvalhinho)



SEM TI
Nem o rugir do mar
Nem do vento seu furor
Conseguem destroçar
A força do nosso amor

Nem mesmo aquelas pragas
Que a outra me rogou
Por deus foram escudadas
Pois deus sabe quem sou

Amor sem ti não sei viver
Sem ti é noite no meu ser
Sem ti ando a caminhar sem fim
Sou poente sem ter nascente
Ando á procura de mim

Na sombra do passado
Vagueei sem ter medo
Guardando bem guardado
O resto do meu segredo

Segredo de verdade
Profundo dos meus ais
E sem ti a saudade
É saudade de mais

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

AMÉRICO

ADEUS A UM AMIGO (Mário Rainho / Fado Acácio)



ADEUS A UM AMIGO

Só nós dois é que sabemos
Quantos fados defendemos
Pelas ruas desta cidade
E o vendaval já passou
Mas a tua voz ficou
Na memória da saudade

Tu foste o cantor latino
Que começou de menino
A navegar neste rio
Foste poema em renovo
Cantiga na voz do povo
Hoje és lugar vazio

Com o cântico na mão
Romântico meu irmão
Andaste pela vida fora
Veio a hora da despedida
Fechou-se o palco da vida
O destino marca a hora

CATARINA ROSA

EU PRECISO DE TE VER (Fontes Rocha / Vasco de Lima Couto)



EU PRECISO DE TE VER

Eu preciso de te ver
Ausente amor sem razão
Para te mostrar as sombras
Do quarto da solidão
Eu preciso de te ver
Ausente amor sem razão

Eu preciso de te ver
Para afastar esta saudade
Que já começa a vestir
O tempo da minha idade
Eu preciso de te ver
Para afastar esta saudade


Eu preciso de t e ver
Para fugir deste frio
Que voa dentro de mim
Como as gaivotas no rio
Eu preciso de te ver
Para fugir deste frio

Como ganhei a coragem
Da areia a beber a espuma
Eu preciso de te ver
Mais uma vez só mais uma
Eu preciso de te ver
Mais uma vez só mais uma

RAQUEL TAVARES

OLHOS GAROTOS (Linhares Barbosa / Jaime Santos)



OLHOS GAROTOS

Diz aos teus olhos garotos
Vivos marotos pretos rasgados
Que não andem pelas esquinas
Feitos traquinas e malcriados

Que não sigam as meninas
Simples ladinas dos olhos meus
De tudo acho capazes
Os maus rapazes dos olhos teus

Teus olhos amendoados
São comparados a dois cachopos
Que quando topam meninas
Pelas esquinas dizem piropos

É preciso que lhes digas
Que as raparigas nem todas são
Como as pedras que há nas ruas
Gastas e nuas sem coração

Diz-lhes tudo sem ralhar sem te zangar
Tem mil cuidados
Sim que para entristece-los prefiro vê-los
Nos seus pecados

Não quero os teus lindos olhos
Correr abrolhos livre nos deus
Que causassem tais ruínas
Estas meninas dos olhos meus

sábado, 1 de outubro de 2011

FERNANDO FARINHA

É NATAL (Artur Ribeiro / Fernando Farinha)



É NATAL

É natal
Os sinos vão tocando
Enquanto nos seus lares
Famílias vão rezando
É natal
Alegram-se as crianças
O pai natal voltou
Com montes de lembranças
É natal
O mundo iluminou-se
Com a luz do perdão
Que deus á terra trouxe
É natal
Jesus veio-nos dizer
Que só p’ra perdoar
Vale a pena nascer
É natal
Nasceu o deus menino
O mundo que era grande
Tornou-se pequenino
É natal
Os homens são irmãos
Esqueceram egoísmos
E deram suas mãos
É natal
Poucas horas somente
Que juntas são um dia
Um dia diferente
É natal
Ó Deus que me escutais
Fazei que os outros dias
Sejam todos natais

CATARINA ROSA

MENOR VERSÍCULO (Alfredo Marceneiro)



MENOR VERSÍCULO

Quando em ti eu fecho os olhos e adormeço
No regaço incontrolável de paixão
Quando o meu corpo sentido sem ter medo
Se entrega de quando em quando ao coração

Se a minha alma adormecida é saudade
Se a saudade quando acorda é razão
Se a razão deste meu fado é verdade
A verdade não se entrega na paixão

Quando o corpo liso e leve se conforta
No silêncio compassado do meu peito
O murmúrio do silêncio me transporta
Ao carinho erguendo as mãos sobre o teu peito

Mas se as tuas mãos se entregam nesta hora
O teu corpo adormecido em meu ser
O teu corpo não se entrega na demora
Da entrega do meu corpo a adormecer

RAQUEL TAVARES

MADRUGADAS SERENAS (Hélder Moutinho / Raúl Portela)



MADRUGADAS SERENAS

Os meus olhos que se perdem
Na cor das ondas do mar
São dois sonhos que se encontram
Nos sonhos do meu olhar

Tua boca rosa agreste
Rosa negra dos caminhos
Que de amor por mim se veste
Quando ficamos sozinhos

Tua voz é primavera
Que me acorda neste Outono
Ai meu amor quem me dera
Nunca na vida ter sono

Os meus olhos são apenas
Duas estrelas nos céus
Que em madrugas serenas
Rezam pelos olhos teus

RICARDO RIBEIRO

MAS PORQUÊ DE EU SER ASSIM (Dr. António Cruz / Armando Machado)



MAS PORQUÊ DE EU SER ASSIM

Mas porquê de eu ser assim
Porque trago dentro em mim
Tanta morte e tanta vida
Esta fogueira inconstante
Ora chama crepitante
Ora cinza arrefecida

Quase sempre esta descrença
Este estado de indiferença
Pela verdade ultrajada
E de repente esta fé
Esta ânsia de pôr de pé
Cada ilusão derrubada

Quase sempre a cobardia
Com que enterro no dia-a-dia
Meus velhos sonhos perdidos
E logo a forma incontida
Com que esbofeteio a via
Quando ela humilha os vencidos

Ai quem me dera ter paz
Quem me dera se capaz
De vos negar minha mão
Atraiçoar um amigo
Libertar-me do castigo
De te sentir meu irmão

MARIA DE LOURDES

A RIR A BRINCAR ( Fernando Farinha / Miguel Ramos )



A RIR A BRINCAR

A rir a brincar
Trocámos um sorriso
Cruzámos um olhar
Palavras não houvera
Somente o coração
Falou por nós os dois
E disse coisas lindas
Que os lábios não disseram

Nenhum de nós teve culpa
De me quereres e eu te querer
Eu olhei tu olhaste
Eu gostei tu gostaste
E nada mais sei dizer
Que importa que o mundo fale
Maldizendo o nosso amor
Se ele fala sem razão
É sinal que esta paixão
Sempre tem algum valor

Falar sem saber
Não chega a ser falar
Não chega a ser sentir
Só fala quem não sente
Ou não sabe sentir
O que é um grande amor
Que nasce dentro em nós
E morre com a gente



LILIANA SANTOS

O NOME QUE TU ME DAVAS Armando Machado / João Monge



O NOME QUE TU ME DAVAS

O nome que tu me davas
Quando á noite me chamavas
Tinha o dom de uma oração
Não tinha som nem palavras
Mas quando tu me chamavas
Nunca te disse que não

Já o vi escrito na lua
Nas pedras da minha rua
E nas candeias do céu
O nome que tu me davas
Quando em silencio cantavas
Era mais teu do que meu

Não era dom nem bondade
Amor fado ou saudade
Nem a lágrima perdida
O nome que tu me davas
Quando á noite me chamavas
Era toda a minha vida

O nome que tu me davas
Quando á noite me chamavas
Era toda a minha vida

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ANTÓNIO ROCHA

PROCURA VÃ ( António Rocha / Fado Maria Rita )



PROCURA VÃ

Andei á tua procura
Na rua do esquecimento
Procurei mas não te vi
Nessa noite fria e escura
Ouvi apenas o vento
Que veio falar-me de ti

Não sei se o vento mentiu
Ou me disse com verdade
Coisas que nem adivinhas
Pois contou-me que te viu
Na travessa da saudade
E tinhas saudades minhas

Fui lá mas não vi ninguém
Apenas a voz do vento
Deixou-me triste e surpreso
Porque te viu com alguém
Nesse preciso momento
Junto ao beco do desprezo

Cansado de procurar-te
Ruas e ruas em vão
E tu sem nunca apareceres
Resolvi então esperar-te
No largo da solidão
Podes vir quando quiseres

MARINA MOTA

MEU NOME



MEU NOME

Com a guitarra e viola
E os seus dedilhadores
Eu vou me apresentar
Boa noite meus senhores

Eu sou do bairro de Alcântara
De grande tradição bem de moda
Gosto de cantar o fado
Meu nome é Marina Mota

Ando na escola a estudar
Com toda a dedicação
Mas o fado e a guitarra
Estão no meu coração

Certo dia ao serão
Pus-me a cantarolar
Imitando a viola
E a guitarra a trinar

Perdoem a ousadia
De eu me apresentar
Sou pequena mas com fé
O fado hei-de cantar

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

TERESA TAROUCA

COMPANHEIRO ( Pedro Homem de Melo / Lima Brummom )



COMPANHEIRO

Negaram-lhe a luz
Negaram-lhe a água
Negaram-lhe o vinho
As rosas por pão

Meu único amigo
Meu único irmão
Não teve jazigo
Não teve caixão

E se encontrou cama
Onde ainda se deite
É porque a beleza
É feita de mágoa

Meu único amigo
Meu único irmão
Não teve jazigo
Não teve caixão

Embrulhou-o a lua
Em seu cobertor
Meu único amigo
Meu único amor

Não teve jazigo
Não teve caixão
Teve uma guitarra
O meu coração

JOSÉ MANUEL BARRETO

DÁDIVA ( Teresa Tarouca / Armando Machado )



DÁDIVA

Se morrer a descansar
Eu peço a Deus a cantar
Que me deixe adormecer
Mas se vir o teu olhar
Eu peço a Deus p’ra esperar
E não me deixar morrer

Põe a tua mão na minha
Olha p’ra mim e caminha
Quero ser a tua luz
Quero seguir os teus passos
Dar-te o meu corpo em abraços
E levar a tua cruz

Põe no teu olhar a esperança
Faz de mim nova criança
Acende luar no céu
Põe a tua mão na minha
Sorri para mim e caminha
Que o teu caminho é o meu

RICARDO RIBEIRO

A MINHA ORAÇÃO ( João Black / Mário Rainho )



A MINHA ORAÇÃO

Não fui menino de coro
Nunca aprendi a rezar
Mas aprendi este choro
Que a vida me soube dar

Esta mágoa na garganta
Com que canto os meus revezes
Diz o povo que quem canta
Reza sempre duas vezes

Cada verso uma oração
Um padre-nosso rezado
E na minha confissão
Vão as rimas do meu fado

Nunca aprendi a rezar
A erguer as mãos aos céus
Mas eu sinto que ao cantar
Estou a conversar com Deus

JENYFER RAINHO

MEU AMOR NÃO VALE A PENA ( Almeida Santos / Fado Acácio )



MEU AMOR NÃO VALE A PENA

Meu amor não vale a pena
Teres dó do meu coração
E fingires falsa ternura
Quando a sorte nos condena
Ao amor da solidão
Atraiçoa-lo é loucura

Solidão é toda a gente
É cada olhar cada rosto
Que mora onde a gente mora
Viver a vida de frente
Achar prazer no desgosto
Chorar ao pé de quem chora

È cada pobre que pede
É Guitarra abandonada
Á espera de melodias
É cada boca, cada boca com sede
É tudo dentro do nada
Que preenche os nossos dias

Não te ter e sempre ter-te
Julgar que ainda te tenho
Sabendo que te perdi
É ganhar-te no perder-te
Ter perdido o que mantenho
Ter-te sem esperar por ti

MARINA MOTA

O FADO NÃO É CASTIGO



O FADO NÃO É CASTIGO

O fado um dia nasceu
Pra ser eterno Deus quis
Quem diz que o fado morreu
Não sabe aquilo que diz

Oh guitarra minha amiga
Teu mavioso trinar
Põe-me tão entristecida
Penso que estás a chorar

O fado não é castigo
O fado é alma a vibrar
Ele anda sempre comigo
Pois eu nasci pra cantar

Se foi Deus que assim o quis
Até quando Deus quiser
Canto o fado eu sou feliz
A vida dá-me prazer

Com a maior devoção
Toda a vida o hei-de amar
Porque o fado é oração
Que eu vou rezando a cantar

JOSÉ GEADAS

CANTAR A MEU JEITO (excerto)& MEU ALENTEJO TÃO QUERIDO ( Manuel Rodrigues / Estrela Meirinho )



CANTAR A MEU JEITO & MEU ALENTEJO TÃO QUERIDO

Vou cantar o fado
Que tanto me abraça
O fado é mistério, é triste e vadio
Mas também tem graça

Quero ser fadista cantar a meu jeito
Quando piso o palco
Sinto o coração a bater no peito

MEU ALENTEJO TAO QUERIDO

Meu Alentejo tão querido
Eu aqui tenho crescido
Não sabes como eu te amo
Levo-te pra todo o lado
Gosto de cantar o fado
Com sotaque alentejano

Adoro poder brincar
De correr e de saltar
Sempre sempre de campo aberto
Em perfeita harmonia
A viver esta alegria
Tenho o meu irmão por perto

Aqui o sol é o meu lume
As flores têm mais perfume
As estrelas mais brilhantes
Passarinhos a cantar
O regato a murmurar
Os campos mais verdejantes

Eu adoro a natureza
Com toda esta beleza
De ficar inebriado
É tudo isto que eu amo
Com sotaque alentejano
Gosto de cantar o fado

ANTÓNIO ROCHA

A MINHA ESTRELA ( Conde Sobral / )



A MINHA ESTRELA

No azul silento do céu
Brilha uma estrela sozinha
Concerteza que é a minha
Tão sozinha como eu

Já farto de mendigar
A esmola de um olhar teu
Fui meus olhos repousar
No azul silento do céu

No firmamento sem fim
Que a mão de Deus acarinha
Talvez com pena de mim
Brilha uma estrela sozinha

A sua luz lembra bem
A que dos teus olhos vinha
Mas a constância que tem
Concerteza que é a minha

Passo as noites a revê-la
Na graça que Deus me deu
Ando preso a essa estrela
Tão sozinha como eu

LINDA LEONARDO

MISTÉRIO DE FADO (Carlos Baleia / Marino de Freitas )



MISTÉRIO DE FADO

Há um mistério qualquer
Que ninguém sabe entender
Á tua volta Lisboa
Um segredo de mulher
Que nunca diz o que quer
Silencio que se perdoa

Talvez saudades de amante
Que assim te põem distante
E calam a tua dor
Ou talvez a cada instante
Num silêncio provocante
Recorde as noites de amor

Depois do sol se deitar
Quando a lua já brilhar
Com a guitarra a teu lado
A tua voz ó cidade
Num mistério de saudade
Confessar-se- á num fado

CÉSAR MORGADO

IMIGRANTE



IMIGRANTE

Longe da sua terra o imigrante
Desde o que nada tem ao que venceu
Recorda com saudade a todo o instante
A casinha singela onde nasceu

Revê a sua aldeia tão branquinha
Sem ódios sem invejas nem vaidades
Recorda a voz dos sinos da ermidinha
Na terna sinfonia das trindades

Lembrando o que deixou o seu peito encerra
Um misto de amargura e de ansiedade
E mesmo as coisas más da sua terra
Hoje são para ele uma saudade

Quando voltar que deus lhe de o gosto
Beijar sua mãezinha com ternura
Quer tê-la nos seus braços ver-lhe o rosto
E não deitar flores na sepultura

CELESTE RODRIGUES

VELHAS SOMBRAS ( António Sousa Freitas / M. Nóbrega e Sousa )



VELHAS SOMBRAS

Por toda a vida as sombras passam
Num rumo igual a outro rumo
As sombras vão e não se abraçam
E as vidas são nuvens e fumo

Assim eu passo também
Meus dias meus anos
Num sonho antigo que tem
Tristezas enganos
E so dou por mim agora
Meu amor a cantar aquele dia
Estranho dia estranha hora
Das velhas sombras tão sombrias

Amar-te é como o amor responde
Ao seu apelo ao seu cantar
E trás as sombras em que esconde
A tua sombra o teu olhar

AMÁLIA RODRIGUES

AMOR SEM CASA ( D.R. / Alain Oulman )



AMOR SEM CASA

O amor sem rosto o amor sem casa
Pássaro pequeno de asa tão leve
De asa tão leve pra onde me levas
O amor sem casa o amor sem tréguas

O amor sem tréguas o amor sem guerras
Asa sem destino pra onde me levas
Pra onde me levas deixai-me ficar
Não quero amanha hora de chegar

Hora de chegar a lugar nenhum
Não sou de ninguém deixai-me ficar
Deixai-me ficar não sei porque vim
Deixai-me partir não sei porque vou

Não sei porque vou que vento me leva
O amor sem rosto o amor sem tréguas
Não sei onde vou que sopro me arrasta
O amor sem rosto o amor sem casa

ISABEL DE OLIVEIRA

CRUZ DE GUERRA ( Armando Neves / Miguel Ramos )



CRUZ DE GUERRA

Quando vieram dizer á pobre mãe
Que o filho tinha morrido lá na guerra
Ela ajoelhou a tremer sentindo bem
O desgosto mais dorido que há na terra

Trouxeram-lhe a cruz de guerra de seu filho
Como valente soldado a merecera
E sobre ela a mãe poisou o olhar sem brilho
Recordado o filho amado que perdera

Na cruz de guerra pegou como quem recebe
Um reconforto divino que sonhava
Com ternura a colocou serenamente
No berço em que pequenino o embalava

Pobre mãe santa do céu em pleno inferno
Pôs-se a embalar o berço e a dizer
Dorme dorme filho meu o sono eterno
Como eterna é a minha dor de te perder

A a pobre mãe rematou neste contraste:
Dorme, dorme o sono eterno filho meu
Por causa da cruz de guerra que ganhaste
Quantas mães estão chorando como eu?

ANTÓNIO MENANO

MENINA E MOÇA (?)



MENINA E MOÇA

É preciso ter sofrido
E ter-se de amor chorado
Pra se entender o sentido
Que há na tristeza do fado

Numa noite de luar
Sob um céu doce e calado
Nada se pode igualar
Á mágoa de um triste fado