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sábado, 6 de fevereiro de 2010

DEOLINDA DE JESUS

OUVE LISBOA (Vasco de Lima Couto / Nuno Nazareth Fernandes)



OUVE LISBOA

Cheguei um dia a Lisboa com malas cheias de vento
Que pesavam as palavras que trago no pensamento
Fui de colina em colina ver o céu de que se gosta
E tu ficaste, Lisboa, vestida de mar e encosta

Ouve Lisboa... cais de fome marinheira
Se a minha voz, tu consentes, ouve Lisboa
Naquela onda, naquela onda primeira
Canto o fado que tu sentes por seres Lisboa;
Ouve Lisboa... raiz dos barcos perdidos
Onde o mar dos meus sentidos voa, se voa;
E lá por ter bebido o sal doutras paragens
Em noites de frias rotas
Poderás ver que eu sou o fado em viagem
Sobre o dorso das gaivotas

Todos os dias me prendem esses voos feitos de água
Onde as velas sem caminho navegam por minha mágoa
Mas qualquer resto de vida murmura p´ra qualquer lado
Nesta distância perdida que faz distância no fado

Ouve Lisboa... cais de fome marinheira
Se a minha voz, tu consentes, ouve Lisboa
Naquela onda, naquela onda primeira
Canto o fado que tu sentes por seres Lisboa;
Ouve Lisboa... raiz dos barcos perdidos
Onde o mar dos meus sentidos voa, se voa;
E lá por ter bebido o sal doutras paragens
Em noites de frias rotas
Poderás ver que eu sou o fado em viagem
Sobre o dorso das gaivotas

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